Charles Bezerra Cabral
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Dando sequência a Literatura Cordelista, publicamos mais um exemplar do primo poeta Rena Bezerra.
JACKSON DO PANDEIRO
“O REI DO RITMO”
-2019 ano do seu centenário-
1
Nascido em Alagoa Grande
Em 31 de agosto, 1919
Recebeu com muito gosto,
Nosso José Gomes Filho
Que chegou para dar brilho
Naquele dia ao sol posto.
2
Já nasceu ouvindo coco
Sua mãe era cantora,
Chamada Flora Mourão
Mulher forte, lutadora,
Ela tinha uma bandinha
Botou logo ele na linha
Ela foi à professora.
3
Começou tocar zabumba
Gostava do ritmo quente,
Com a morte de seu pai
Tudo mudou de repente,
Foram embora pra Campina
La na cidade menina
Tudo foi bem diferente.
4
Trabalhou de engraxate
Ajudou em padaria,
A noite se apresentava
Com cartaz e maestria,
No Cassino Eldorado
O lugar mais freqüentado
Pela flor da boemia.
5
Na feira central vivia
Com artistas populares,
Os cantadores de coco
Gente de muitos lugares,
Aboiador, violeiros
Embolador, sanfoneiros
Dos diversos patamares.
6
Já com roupas singulares
Seu chapeuzinho de massa,
Esse foi o figurino
Que caiu na sua graça,
Ele era extrovertido
Jack era o apelido
Que lhe botaram na praça.
7
E naquela figuraça
Tudo encaixou bem ligeiro,
Trabalho durante o dia
A noite era mais maneiro,
E o Jack do apelido
Por la ficou conhecido
Como Jackson do Pandeiro.
8
Mudou-se pra João Pessoa
Procurando outras marés,
Querendo fazer sucesso
Desconhecia o revés,
Por todo canto tocava
E a noite se apresentava
Por boates, cabarés.
9
Isso foi o pontapé
Para o sucesso alcançar,
Logo a Rádio Tabajara
Ouvindo dele falar,
Contratou logo ligeiro
Nosso Jackson do Pandeiro
Pra na Orquestra atuar.
10
Daí cresceu sem parar
Da fama já era íntimo,
Foi pra Recife mostrar
O seu swing legítimo,
Sendo o rei da percussão
La por aquela estação
O chamaram “Rei do Ritmo”.
11
Com isso se apresentava
Todo final de semana,
O que não faltava nele
Era vontade, era gana,
Mas esperou sua vez
E foi em 53
Que estourou com “Sebastiana”.
12
Logo depois emplacou
Com “Forró em Limoeiro”,
Na Veneza Brasileira
Mostrou seu forró maneiro,
Por la conheceu Almira
E essa acertou na mira
Fisgou Jackson do Pandeiro.
13
Depois Rio de janeiro
Na Rádio Nacional,
Sua fama se espalhou
Seu sucesso foi total,
Tinha um gingado bacana
Fez “Chiclete com banana”
Marchinhas de carnaval.
14
Depois “O canto da ema”
Estourou rapidamente,
Os críticos se admiravam
Como era que facilmente,
Dominava por inteiro
Zabumba, bongô, pandeiro
Sem perder o ritmo quente.
15
E assim era freqüente
Seu sucesso tão bacana,
O “Forró de Zé Lagoa”,
“Xote de Copacabana”,
Cada qual era um estouro
Cantou “Casaca de Couro”
“Cremilda”, “Sebastiana”.
16
Mas a doença tirana
Da qual era prisioneiro,
Durante uma excursão
No planalto brasileiro,
Atacou, botou algema
Calou “O Canto da ema”
Ceifou Jackson do Pandeiro.
17
Veio ao Rio de janeiro
Se enterrar com seu cartaz,
Na necrópole do Caju
Ele descansou em paz,
Mas num desejo local
Pra sua terra natal
Se foi seus restos mortais.
18
Sei que entre os maiorais
Ele foi tão imponente,
Seu balanço, seu gingado
Era demais, envolvente,
E pelo país inteiro
Nosso Jackson do Pandeiro
Foi o Rei do ritmo quente.
Poeta cordelista
Rena Bezerra
11/07/19
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