terça-feira, 8 de agosto de 2023

 Charles Bezerra Cabral

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    Dando sequência a Literatura Cordelista, publicamos  mais um exemplar do primo poeta Rena Bezerra.

 

 

JACKSON DO PANDEIRO

“O REI DO RITMO”

-2019 ano do seu centenário-

 1

Nascido em Alagoa Grande

Em 31 de agosto, 1919

Recebeu com muito gosto,

Nosso José Gomes Filho

Que chegou para dar brilho

Naquele dia ao sol posto.

 2

Já nasceu ouvindo coco

Sua mãe era cantora,

Chamada Flora Mourão

Mulher forte, lutadora,

Ela tinha uma bandinha

Botou logo ele na linha

Ela foi à professora.

 3

Começou tocar zabumba

Gostava do ritmo quente,

Com a morte de seu pai

Tudo mudou de repente,

Foram embora pra Campina

La na cidade menina

Tudo foi bem diferente.

 4

Trabalhou de engraxate

Ajudou em padaria,

A noite se apresentava

Com cartaz e maestria,

No Cassino Eldorado

O lugar mais freqüentado

Pela flor da boemia.

 5

Na feira central vivia

Com artistas populares,

Os cantadores de coco

Gente de muitos lugares,

Aboiador, violeiros

Embolador, sanfoneiros

Dos diversos patamares.

 6

Já com roupas singulares

Seu chapeuzinho de massa,

Esse foi o figurino

Que caiu na sua graça,

Ele era extrovertido

Jack era o apelido

Que lhe botaram na praça.

 7

E naquela figuraça

Tudo encaixou bem ligeiro,

Trabalho durante o dia

A noite era mais maneiro,

E o Jack do apelido

Por la ficou conhecido

Como Jackson do Pandeiro.

 8

Mudou-se pra João Pessoa

Procurando outras marés,

Querendo fazer sucesso

Desconhecia o revés,

Por todo canto tocava

E a noite se apresentava

Por boates, cabarés.

 9

Isso foi o pontapé

Para o sucesso alcançar,

Logo a Rádio Tabajara

Ouvindo dele falar,

Contratou logo ligeiro

Nosso Jackson do Pandeiro

Pra na Orquestra atuar.

 10

Daí cresceu sem parar

Da fama já era íntimo,

Foi pra Recife mostrar

O seu swing legítimo,

Sendo o rei da percussão

La por aquela estação

O chamaram “Rei do Ritmo”.

 11

Com isso se apresentava

Todo final de semana,

O que não faltava nele

Era vontade, era gana,

Mas esperou sua vez

E foi em 53

Que estourou com “Sebastiana”.

 12

Logo depois emplacou

Com “Forró em Limoeiro”,

Na Veneza Brasileira

Mostrou seu forró maneiro,

Por la conheceu Almira

E essa acertou na mira

Fisgou Jackson do Pandeiro.

 13

Depois Rio de janeiro

Na Rádio Nacional,

Sua fama se espalhou

Seu sucesso foi total,

Tinha um gingado bacana

Fez “Chiclete com banana”

Marchinhas de carnaval.

 14

Depois “O canto da ema”

Estourou rapidamente,

Os críticos se admiravam

Como era que facilmente,

Dominava por inteiro

Zabumba, bongô, pandeiro

Sem perder o ritmo quente.

 15

E assim era freqüente

Seu sucesso tão bacana,

O “Forró de Zé Lagoa”,

“Xote de Copacabana”,

Cada qual era um estouro

Cantou “Casaca de Couro”

“Cremilda”, “Sebastiana”.

 16

Mas a doença tirana

Da qual era prisioneiro,

Durante uma excursão

No planalto brasileiro,

Atacou, botou algema

Calou “O Canto da ema”

Ceifou Jackson do Pandeiro.

 17

Veio ao Rio de janeiro

Se enterrar com seu cartaz,

Na necrópole do Caju

Ele descansou em paz,

Mas num desejo local

Pra sua terra natal

Se foi seus restos mortais.

 18

Sei que entre os maiorais

Ele foi tão imponente,

Seu balanço, seu gingado

Era demais, envolvente,

E pelo país inteiro

Nosso Jackson do Pandeiro

Foi o Rei do ritmo quente.

 

Poeta cordelista

Rena Bezerra

11/07/19

 

 

 

 

 

 

 

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