Charles Bezerra Cabral
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Dando sequência a Literatura Cordelista, publicamos mais um exemplar do primo poeta Rena Bezerra.
CORDEL DA TERCEIRA IDADE
1
A terceira idade é
Uma nova etapa da vida,
Que começa nos 60
E se manda sem medida,
Muitas modificações
No corpo umas reações
Que chegam de ‘inxirida’.
2
Também é atribuída
Para essa nova idade,
Alteração das funções
Tem menos mobilidade,
Fica também mais tinhoso
Mais amável, carinhoso
E sente muita saudade.
3
A solidariedade
Aparece com freqüência,
Gostam muito de ajudar
Quem precisa de assistência,
Também não deixa de lado
De andar bem arrumado
E cuidar da aparência.
4
Sempre mostrando decência
Tem um legado de glória,
Cada passo que ele deu
Ta guardado na memória,
Gosta muito de falar
E tem a honra de contar
As linhas da sua história.
5
Seguindo na trajetória
Cada qual teve uma lida,
Uns sem oportunidade
Outros com sorte na vida,
Tendo sorte ou não a tendo
Todo mundo vai vivendo
Nessa estrada tão comprida.
6
Tod’essa idade é vivida
Também com muito vigor,
Ninguém já nem liga mais
Para atrevida da dor,
O que importa é ta vivo
Bem alegre bem ativo
Com o peito cheio de amor.
7
Essa idade é do condor
Um idoso me dizia,
To com dor na minha perna
Com dor também na bacia,
Uma que corre no braço
Sai do veio do espinhaço
Pra terminar na ‘viria’.
8
Minha vó já me dizia
E eu rabisquei num papel,
As frases que ela falava
Que era doce feito mel:
Os filhos pra gente são
Tesouros do coração
E cada neto um troféu.
9
Não sou nenhum menestrel
Mas digo nesse momento,
Terceira idade não é
Fase de esquecimento,
É pra ser do companheiro
E pra quem estar solteiro
Arrumar um casamento.
10
Pois é um grande tormento
A vida na solidão,
Por isso temos que achar
Pra dividir o colchão,
Uma companhia afável
Carinhosa, respeitável
Dum enorme coração.
11
Aqui eu faço menção
A essa idade de fé,
Praquele que já não anda
Praquele que fica em pé,
Velho é quem amofina
Ou aquele que imagina
E vive dizendo que é.
12
Vida não tem macha ré
A coisa só vai pra frente,
Por isso a terceira idade
Tem mais é que ta contente,
Por ta contando a história
De seu passado de glória
Da sua vida decente.
13
Às vezes escuto de gente
Que ta na flor da idade,
Falando mal dos idosos
Usando brutalidade,
Pensando eles que vão
Viver e que gozarão
Pra sempre da mocidade.
14
Se não quiser na verdade
Chegar nessa plenitude,
Nessa idade tão bonita
De experiência e virtude,
Ta muito simples fazer
É só escolher morrer
No gozo da juventude.
15
Mas Deus tomara que mude
Quem pensa dessa maneira,
E faça eles olharem
Para essa idade terceira,
Com muito amor e carinho
Cuidando de seu velhinho
Naquela paz prazenteira.
16
Idoso não tem fronteira
Sempre quer um novo feito,
Busca viver cada hora
Com tudo que tem direito,
Só vive fazendo prece
Para que o mundo tivesse
Com todos bem mais respeito.
Poeta cordelista
Rena Bezerra
07/04/18
Admiro a juventude
Não querer envelhecer,
Velho ninguém quer ficar
Novo ninguém quer morrer,
Sem ser velho ninguém vive
Bom é ser velho e viver.
Odilon Nunes de Sá
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