FATOS HISTÓRICOS
RELATIVOS À FAZENDA SACO (Estação Experimental do IPA) NO MUNICÍPIO DE SERRA
TALHADA, PE
Engo. Agrº.
ANTÔNIO TIMÓTEO SOBRINHO
FRANCISCO CHARLES
BEZERRA CABRAL DE LIMA
francisco.charles@ipa.br
Luiz Conrado
de Lorena e Sá, ex-prefeito de Serra Talhada e grande estudioso do passado
dessa região do Pajeú, concluiu em suas pesquisas que o primeiro foreiro (morgado)
da Fazenda Serra Talhada, onde está inserida a Fazenda Saco foi o Sr. Agostinho
Nunes de Magalhães. Como foreiro, fez seu primeiro pagamento à Coroa em 1757.
Na época, representava a Coroa a casa da Torre de Garcia D’ávila em salvador,
BA.
Esse autor apresenta em seu livro - SERRA
TALHADA, 250 ANOS DE HISTÓRIA E 150 ANOS DE EMANCIPAÇÃO - fotos de documentos
não datados, denominados Vínculos do
Morgado (*), dentre os quais o da Fazenda Saco, identificando Agostinho Nunes de Magalhaes como o
titular que se obrigava a pagar 6.000$000 (seis contos de reis) por ano, à
Coroa.
Recentemente (outubro
de 2012), em entrevista formalizada pelo autor desse texto o Sr. Genário Rodrigues (80 anos), vulgo
Genário de Luiz Macário, reconhecido como o detentor em memória do maior
cabedal histórico de Serra Talhada, cedeu as informações seguintes:
1)
O Coronel
Braz Magalhães, descendente de Agostinho e bisavô do Governador Agamenon
Magalhães, enquanto titular da Fazenda Saco decidiu pela construção da parede
de terra do primeiro Açude Saco, em 1848. O
Braz Magalhães era pai de um único filho, Tenente João Luiz Lopinho, este, portanto herdeiro da Fazenda Saco.
2)
A viúva do Tenente
João Luiz vendeu sua posse para o major
Sebastião José Lopita de Magalhães, vulgo Major Lopita, em 1870. O major
Lopita, que residia na Fazenda Malhada de Pedra, mudou-se então para a Fazenda
Saco, onde permaneceu até 1904, quando faleceu aos 84 anos de idade.
3)
Destaque-se que o Tenente João Luiz era o pai do
Dr. Sérgio Magalhães, portanto avô do então futuro governador Agamenon Magalhães.
4)
Após a morte do Major Lopita a posse da Fazenda
Saco passou para seu sobrinho Manoel
Puça Magalhães, que a vendeu para o Dr.
Diniz, em 1909. Dr. Diniz era
sogro de Cornélio Soares e do Major Valgueiro, tendo então entregue a
administração do imóvel ao Major
Valgueiro, que permaneceu à frente do empreendimento até 1920.
5)
Cornélio
Soares, nesse ano (1920), comprou do sogro a Fazenda Saco.
6)
A fazenda Saco permaneceu com o Coronel Cornélio Soares até 1930,
quando a mesma foi alienada para o
Estado de Pernambuco a Fazenda Saco pela quantia de 26.000$000 (vinte e
seis contos de réis). Era então, governador do Estado o Sr. Estácio Coimbra.
Segundo a escritura pública existente no IPA, lavrada em Cartório da
cidade do Recife, sito à Rua do Imperador, 468 (não há nome do cartório nem do
tabelião), translado do livro 278, folhas 17, datada de 05 de dezembro de 1931,
a referida Fazenda foi comprada pela quantia de 55.600$000 (cinquenta e cinco
contos e seiscentos réis) aos proprietários Cornélio Aurélio Soares de Lima e Joaquim Constatino da Cruz e
respectivas esposas. Era então Governador do Estado o Sr. Carlos de Lima Cavalcante. Assinam a escritura seus legítimos
procuradores.
7)
Decorrente de um convênio firmado entre o
Governo do Estado de Pernambuco e o DNOCS (na época INFOCS), construiu-se o
grande paredão de pedra e cal que deu origem ao atual Açude Saco, a partir de
1932. A construtora da obra foi a Empresa Collier.
8)
Em 1935, o Engenheiro Agrônomo Lauro Bezerra assumiu a chefia da
Fazenda Saco, onde eram desenvolvidas as atividades dos Departamento de
Produção vegetal (DPV) e
Departamento de produção Animal (DPA)
da Secretaria da Agricultura. O Dr. Lauro permaneceu à frente das atividades
desenvolvidas na Fazenda Saco até 1947.
9)
Em 1940, O Governador
Agamenon Magalhães instalou a sede
do governo de Pernambuco na Fazenda Saco e dali despachou com todos os seus
secretários os destinos do Estado, durante oito dias. Nessa ocasião, em grande
solenidade, lançou a pedra fundamental do Hospam, da Escola Solidônio Leite, do
Posto de Monta do DPA (hoje Escola Técnica Clóvis Nogueira Alves) e do Campo de
Pouso.
A Fazenda Saco, na sua
extensão original, ocupava 3.200 hectares. O Açude Saco, quando em sua cota
máxima cobre 500 hectares. O açude resulta da barragem do Riacho do Medéia, que nasce na Serra do Triunfo, drena metade do
município de Triunfo e, praticamente, todo o município de Santa Cruz da Baixa
Verde. A margem direita do lago é denominada Haras e alberga, hoje, um
assentamento do Incra. As terras da margem esquerda são divididas pelos lugares
conhecidos pelos nomes de Barragem, Trinta e Sete, Guiné, Vila, Pedra Branca,
Cumbuco, Piau, Xique-xique, Mandaçaia e Pimenteira.
Em 1984, a Universidade
Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) construiu o Centro de Treinamento para Pequena Irrigação com dotação financeira
do Ministério da Irrigação, em área de cinco hectares da Estação Experimental
do IPA (Fazenda Saco) cedida em regime de comodato. Posteriormente, em 2006 foi
criada a UAST (Unidade Acadêmica de
Serra Talhada), também vinculada a UFRPE. Para viabilização desse processo,
inicialmente, foi transferida uma área de 17
hectares, e posteriormente, complementada com mais 50 hectares, em caráter definitivo.
Em 2011, foi de forma semelhante, cedida uma área denominada Haras
com 900 (novecentos) hectares para o INCRA, a fim de assentar 56 (cinquenta e
seis) pequenos produtores rurais, ditos sem terra. Outra gleba de 8 (oito) hectares
ao lado da UAST-UFRPE , destinada às edificações dos prédios a serem ocupados
com os cursos de ciências médicas da Universidade de Pernambuco - UPE.
Finalmente, em 2012 foi
criado pelo Decreto
Estadual Nº 37.823, de 30 de Janeiro de 2012, o Parque Estadual da Mata da
Pimenteira, área destinada a preservação permanente, com
extensão territorial de 300 (trezentos) hectares.
Para concluir
esse histórico, almeja-se que daqui a um século em 2113, quando provavelmente
toda a Fazenda Saco já esteja urbanizada, um velhinho, quiçá formado em um dos
cursos hoje aqui em instalação, apanhe esse texto para leitura e descubra as
origens desse empreendimento.
Nessa oportunidade, convida-se a todos que por
um dia trabalhou no DPV, DPA, IPA, EMBRAPA, IBDF, IBAMA nessa Fazenda Saco e
que tenha vivido ou presenciado algum fato relevante, que o narre e encaminhe
para compor a coletânea que ora se inicia.
Entendem-se as decisões dos gestores da coisa pública quando se decide
pelo parcelamento da Fazenda Saco como justas, razoáveis e até viáveis, sob o
ponto de vista econômico, e também úteis, sob o ponto de vista social. Todavia,
se entende, também, como manifestação pública de cidadania a solicitação da
continuidade dos atos administrativos.
Observe-se que desde 2011 foi criado o Assentamento do Haras, com o
objetivo principal de remover ocupantes da área da Estação Experimental do IPA,
posto que com a população de mais do que 50 famílias residindo dentro do
perímetro da Estação, já não se podia conduzir as pesquisas agronômicas com
confiabilidade. Além de animais estranhos ao rebanho do IPA, a presença de
pessoas estranhas ao serviço prejudicam demasiadamente os trabalhos.
Atualmente, a área do Haras está ociosa: nem o IPA a utiliza; nem os novos
assentados desfrutam-na. Clama-se pela atenção das autoridades legitimadas, por
providências para concluir o ato administrativo, para o bem de toda a
população.
Glossário
(*) Morgado – Posse do imóvel ruralherdada
pelo primogênito (primeiro filho homem da família)
Este propriedade foi da minha família.....sou bisneta do Major Valgueiro.....adoraria saber de mais detalhes como: se ainda resta alguma sede antiga, fotos dela, fatos históricos. Obrigada
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