quarta-feira, 14 de agosto de 2013

ESPAÇO DEDICADO AO GUZERÁ

Umbral PAPI U1304


     Dedicamos esse espaço a raça bovina Guzerá. O IPA mantém na Estação Experimental Lauro Ramos Bezerra - Serra Talhada, um plantel de animais bovinos da raça Guzerá desde a década de 1970. Os primeiros animais foram adquiridos do espólio de João de Abreu Júnior no Rio de Janeiro, o grande e primeiro selecionador da raça no Brasil. Pela Estação Experimental de Serra Talhada
passou um dos primeiros touros com aptidão leiteira e que veio a quase se tornar uma lenda, o grandioso "Albatroz" dele originou-se diversos animais com produção leiteira acima da normalidade da raça. Durante as décadas de seleção e pesquisa na Estação Experimental de Serra Talhada, muitos touros foram utilizados provenientes da EMEPA - Empresa Paraibana de Pesquisa Agropecuária, Estação Experimental de Alagoinhas, que tem grandes resultados na seleção de animais de linhagem leiteira, dentre eles o "ÉDIPO DE ALAGOINHAS" que teve filhas campeãs nacionais durante vários anos, originando também o "HUMAITÁ DE TABOQUINHA" o melhor touro da atualidade.
     O IPA mantém na Estação Experimental de Serra Talhada, um eficiente programa de inseminação artificial, tendo em estoque sêmen dos principais reprodutores do Brasil, entre eles: ÉDIPO DE ALAGOINHAS, HUMAITÁ DE TABOQUINHA, CABUL, ÓBUS DE TABOQUINHA, ÓLEO DE TABOQUINHA, JEQUIÁ DE TABOQUINHA,  dentre outros.
     Em visita à Estação Experimental de Serra Talhada em 2012, no mês de março, o técnico da ABCZ - Associação Brasileira dos Criadores de Zebú, Senhor Lauro Fraga Almeida, teceu vários elogios em relação ao nosso rebanho Guzerá. (Charles Cabral)

 
Abaixo transcrevemos matéria da Agropecuária 105, p 47 - Fevereiro de 96, "100 anos de Zebus"


A MAIS ANTIGA SELEÇÃO DO BRASIL: 100 ANOS DE ZEBUS
Agropecuária 105, p 47 - Fevereiro de 96, "100 anos de Zebus"

1 - A NECESSIDADE DO ZEBU
Tudo começou quando o imigrante João de Abreu Júnior (1869-1949) resolveu abandonar seu ofício de mestre-de-obras (especializado em cantarias) para se tornar um negociante e abatedor de bovinos, em 1887. Morava em Cantagalo. No Rio de Janeiro, região que fora muito próspera devido ao café e que, agora, ganhava prestígio na criação de bovinos adequados para o trabalho nas montanhas da região.
Em 1888, a libertação dos escravos completou o pânico que vinha se abatendo sobre os cafezais, pois a atividade já se encontrava em quase bancarrota há algum tempo e, agora, passaria a caminhar para a franca erradicação. A abolição seria um dos golpes mortais na cafeicultura fluminense, sepultando um faustoso período histórico. Ao mesmo tempo, seria uma das molas propulsoras dos cafezais paulistas e da pecuária em geral. Em São Paulo, a nova realidade insuflaria a criação e melhoramento do gado Caracu. Já no Rio e em Minas Gerais, a exploração do Zebu.
No final do século, café já avançava pelas terras planas, roxas e férteis, de São Paulo, acelerando a já rápida decadência dos cafezais das íngremes montanhas fluminenses. O café ia se mudando para São Paulo, definitivamente. As terras cansadas do Vale do Paraíba, principalmente na região serrana de Cantagalo, foram se transformando lentamente em pastagens para a criação de gado.
Enquanto isso, João de Abreu notava que os mestiços de Zebu eram mais rentáveis no talhe, e algumas vacas também eram ótimas na produção de leite. Com um início modesto, segregando os melhores espécimes, passaria a selecionador, tornando-se um baluarte do gado indiano, talvez o mais importante de todos os tempos, como afirmado pelo dedicado estudioso de gado Zebu, DUVIVIER (1956, in Weiss, p.56)
O início do Zebu, no Brasil - No Rio de Janeiro, onde ficava a capital do Brasil, a criação de gado era esmerada, com bovinos europeus, havendo anotações das raças Durham, Schwyz, South Devon, Hereford, Limousin, Simental, Friburgo, Ayrshire, Jersey, Red Lincoln, e outras. As raças portuguesas haviam se diluído e estavam presentes nos mestiços em geral.
Desde 1870, havia começado a chegar o gado da Índia. Ninguém trouxe Zebu para o Brasil por obra do acaso, ou por simples comércio, no início. Havia uma necessidade crucial, naqueles dias, para tal iniciativa. Quando as fazendas de café passaram a escalar os morros, de onde surgiu a expressão de "fazenda serra acima" ficou patente que as tropas de burros perderiam parte de sua função de transporte. Somente juntas de bovinos poderiam subir e descer os morros, agora em franca exploração cafeeira. Essa circunstância iria levar os proprietários a requisitar o Zebu. Diz DOMlNGUES (1966) que cada lote de sete burros ocupava dois tropeiros e cada burro suportava oito arrobas, ou seja, para transportar 56 arrobas havia necessidade de 7 burros cargueiros e 2 tropeiros. Ora, um carro de boi carregava perto de 100 arrobas, a 3 ou até 4,5 quilômetros por hora! Por conta disso, o boi de carro, antes menosprezado, passou a valer duas ou mais vezes que um burro! Além disso, os burros tinham que ser comprados na longínqua feira de Sorocaba, em São Paulo e transportados para os cafezais do Rio de Janeiro, enquanto que os zebuínos estavam chegando ao país; pelo porto da capital.
A primeira utilização do Zebu foi, portanto, como animal de trabalho! Essa utilização geral compreenderia o período que vai de 1813 e chegaria até princípios de 1950. A utilização dos zebuínos e seus mestiços para alguma produção de leite e carne, além de trabalho, data de 1880, no Rio de Janeiro.
O primeiro rebanho de Zebu a ganhar notoriedade foi o do segundo Barão de Duas Barras, Elias Antônio de Morais, com a raça Guzerá. Foi dali que saíram, em parte, os animais que iriam formar os plantéis da família Lutterbach, da Monnerat, e também o rebanho de João de Abreu Júnior. Em 1880, já podiam ser vistos mestiços zebuínos como animais de trabalho nas propriedades dos Clemente Pinto: Fazenda de Areias, Boa Sorte, Aldeia, e outras. Em muitos locais o Zebu provava-se como o gado mais adequado, destronando as raças europeias até então em voga mas que, definitivamente, não podiam competir com o Zebu nos cafezais, nas montanhas e no dia-a-dia das fazendas.

2 - EM 1895, O INÍClO DA SELEÇÃO
Em 1895 surgiu a decisão de selecionar, ou seja, de melhorar zootecnicamente, os animais zebuínos - por parte de João de Abreu Júnior. Em suas compras, ele ia escolhendo os melhores, mantendo-os em terras arrendadas. A seguir, levou esse gado para a Fazenda do Fundão. Em Cantagalo adquirida em 1899, onde a seleção teria seqüência. Os primeiros animais indianos de João de Abreu foram adquiridos a Acácio Américo de Azevedo (que já havia vendido o famoso LONTRA para Manoel Rodrigues da Cunha, que o repassaria para Antônio Borges de Araújo). Outros animais foram comprados na Fazenda Chave do Lontra, de José Lontra, destacando-se o touro SULTÃO, um filho de importados. Seu primeiro animal puro-sangue Guzerá. Também comprou um lote de novilhas e touro GLADIADOR. Ao Barão de Duas Barras. Na Fazenda Ribeirão Dourado. Pretendia fazer uma seleção em que os animais iriam ser melhorados por acasalamentos consanguíneos. Ele não sabia o nome correto do gado e o denominava apenas de "Zebu", como todo mundo.
Antes dele, outros já criavam Zebu, mantendo escrita própria na fazenda. Os principais eram: o segundo Barão de Duas Barras. o Barão do Paraná (fazendo toda sorte de cruzamentos com raças europeias, granjeando o mérito do título "Bakewell brasileiro". pela revista "O Criador Paulista", Março; 1907, p.297). Júlio César Lutter bach e a família Lemgruber. Estes pioneiros, no entanto, não lograram contar com, o sequenciamento da seleção. O mais antigo livro de registro dos animais de seleção que ficou conservado, talvez, tenha sido o da família Lutterbach, iniciado em 1876, incluindo ali o gado zebuíno.
João de Abreu Junior, portanto, é apontado, hoje, como fundador da seleção contínua mais antiga do Brasil, pois o gado atual é o mesmo da origem, em linha reta, com escrita, confirmada, desde 1895.
Alguns anos depois, já no início do século, o pioneiro passaria a ter acesso direto aos navios que carregavam da Índia, e pagava bom preço pelos animais que escolhia.
Dois grandes defeitos eram imputados ao Zebu, naquele tempo, a falta de mansidão e a falta de leite. Seu refrão tornou-se logo conhecido: "Zebu manso e leiteiro" - o qual muito ajudaria na divulgação do gado Zebu, pois esses dois predicados (manso e leiteiro) eram os mais discutidos, na época, a respeito do Zebu.
Em 1906 havia um único zebuíno na Exposição de São Paulo, constando até no catalogo. Novamente, em 1908, outros três zebuínos estavam presentes na Exposição de São Paulo, mas esta seria a última vez que esse gado ali entraria. A partir dessa data, o Zebu estaria proibido de entrar no recinto, por ordem rigorosa de Pereira Barreto (DOMINGUES, 1 J65. p.4~). Nessa data, todavia, havia zebuínos em Pindamonhangaba. SP (SANTIAGO, 1972), e eram de origem de João de Abreu Júnior.
Levantava-se a figura de João de Abreu como o principal rebatedor das críticas lançadas pelos cientistas antiZebu, não apenas com palavras, mas com seu gado, com suas pesquisas, sua presença ardorosa nos certames e até nas estradas empoeiradas da época. Lançou o balde e a balança contra os ataques insidiosos e gastou uma grande fortuna na imprensa da época. Por isso tudo, foi considerado "o maior propagandista do Zebu" (Revista "A Fazenda Moderna", in "Gado Zebu'', 1917)
Um de seus textos dizia: "Tenho ouvido dizer que o Zebu é péssimo, tem má carne e dá pouquíssimo leite. Aqui na minha zona existe o Holandês, o Jersey. o Schwyz, e outros gados, que também são. Qual será o maior contrassenso: criar qualquer uma destas raças exigentes e apropriadas aos pastos planos, forragens abundantes e trato especial, ou criar o Zebu, quase indene às pragas, sóbrio. rústico e grandemente prolífica, além de ser Manso, e Leiteiro?"
Quanto à aptidão leiteira do gado, o laticínio do Gavião fornece provas abundantes dos gados zebus da região, tanto em quantidade como nas riquezas do leite. Quanto à qualidade da carne é claro que as raças especializadas como o Red Lincoln, o Hereford, o Durham e outras, submetidas a pastagens planas e bons tratos são superiores ao Zebu. Mas não hesito em afirmar que qualquer animal meio-sangue Zebu, sob rigorosos cuidados alimentares - os mesmos que cercam os bois de sangue Durham, no Brasil sem escalar montanhas, sem trabalho no campo, ou seja, sem, provocar o "engrosso" das fibras musculares.O mestiço de Zebu terá carne tão boa quanto a do seu emulo!" (Almanak Agrícola Brazileiro - 1919 p 70)
Seu trabalho serviria como orientação para os criadores de Zebu em geral, durante muitas décadas, chegando até os dias de hoje. Considerando-se as dificuldades de seu tempo, pode- se afirmar que talvez tenha sido o maior baluarte de Zebu, em todos os tempos ("A Saga do Zebu no Brasil", p. 22)

3 - A PRIMEIRA EXPOSIÇÃO DE UBERABA
Começou no dia 20 de Maio a primeira exposição de gado, na cidade de Uberaba, em 1906. A iniciativa foi do coronel José Caetano Borges, juntamente com seu cunhado Joaquim Machado Borges, da Fazenda Cascata. Juntou-se bastante gado e, como novidade, destacava-se o Zebu. Foi uma festa de grande repercussão, pois deixava claro que o Triângulo Mineiro iria sediar, decididamente, um polo de difusão para o gado indiano. Ao mesmo tempo, os visitantes perceberam que o gado Zebu podia ser a novidade mercantil em condições de resolver o péssimo momento do comércio regional.
Firmavam-se, portanto, dois fazendeiros, gigantes batalhadores do Zebu, nesse período: João de Abreu Júnior, no Rio de Janeiro, pontificando pela ciência aplicada ao Zebu e José Caetano Borges, em Uberaba, dedicando-se à promoção do novo gado. Estes dois personagens deixariam seu nome para a posteridade e a vida de ambos têm muitos pontos em comum.
João de Abreu iria definir a raça Guzerá no Brasil, a ponto de seu gado receber o epíteto de "Guzerá de Cantagalo", como sinal de excelência - até a modernidade. José Caetano iria definir a raça "Induberaba". Os dois pioneiros passariam maus momentos por ocasião da instalação do Registro Genealógico, nas décadas de 1920 e 1930, como será visto, neste breve relato.

4 - A GRANDE EXPOSIÇÃO DE 1908
A Exposição Comemorativa da Abertura dos Portos, em Outubro de 1908, foi muito instrutiva, e as discussões ali travadas iriam orientar o rebanho de João de Abreu. Havia animais do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. As raças presentes eram Lincoln Red, Durham, Hereford, Polled Angus, Devon - como raças de corte. E mais o Simental, Gruyére, Schwyz, Caracu - como raças mistas. E o Holandês, Jersey como raças leiteiras. Finalmente, havia também o estranho Zebu, num total de 48 animais. Total: 70 animais do Rio de Janeiro, 42 de Minas Gerais, 37 de São Paulo e 22 do sul do país. (ATHANASSOF, in "Exposição de Animais em 1908", revista "O Criador Paulista" n° 29, 1908, p.586). Foi a primeira "Exposição Nacional" e não havia uma organização para tanto. O julgamento foi realizado, então, seguindo-se uma Tabela de Pontos indicada, na última hora, pela Sociedade de Agricultura Alemã, pois parecia ser mais fácil de ser aplicada. Sendo apegado ao método científico, ATHANASSOF fez mensurações práticas e as publicou, num extenso relatório, mostrando que o Zebu ali presente era bastante inferior aos animais estrangeiros, nenhum chegando a obter 60 pontos. João de Abreu era um atento observador entre os presentes, tirando conclusões rapidamente sobre sorte do Zebu, naquele recinto. Observou as mensurações, as pesagens, e as ponderações dos cientistas. Aperfeiçoou, então, o método a ser seguido para uma autêntica seleção de gado. Mostrava ser, de fato, um pioneiro na busca do método científico, naquela época.

5 - PROVANDO, MEDINDO E PESANDO O ZEBU
Leite - João de Abreu já realizava pesagens do leite, com método próprio. Mantinha uma rigorosa escrita zootécnica, com numeração e controle genealógico. Vinha já segregando as linhagens de maior produtividade. Observava e anotava o desempenho de lotes de vacas Zebu, Caracu, Jersey e Caracu-Zebu. Era a primeira pesquisa científica comparativa sobre produtividade leiteira da Zebu, no Brasil. Eis um de seus comentários da época: "Um dos lotes, composto de 30 vacas melhores de Caracu, Jersey e Caracu-Zebu, os quais produziam 60 litros na média durante a estação das águas, tiveram uma quebra de 40 litros, estando apenas 20 vacas aptas à ordenha no período da seca. O rebanho indiano, também de 30 vacas, 1/2, 3/4 e 7/8 de sangue, fornecia cerca de 100 litros nas águas, caindo para 80 na seca. Havendo surpresa e descrença, o proprietário levou-nos à usina de congelação da exma. sra. condessa de Nova Friburgo, onde verificamos a exatidão, folheando o livro de registro diário dos recebimentos de leite de diversos fornecedores afazendados em Cantagalo. A quebra atestada no fornecimento do leite provindo de rebanhos Holandeses, Jerseys e Caracus era frisantemente desoladora. Pensa o sr. João de Abreu Júnior em provar que o Zebu pode ser grande leiteiro; isto é, dar 18 a 20 litros diários, em 3 ordenhas, criando um lote em semi-estabulação, como se faz com a Holandesa, Jersey, Gujernsey, etc. em seus países de origem. "( Almanaque Agricola Brazileiro 1919, p.72).
Em outra publicação, estão 33 vacas submetidas a uma prova de duas ordenhas, assistida até por autoridades locais, destacando-se as vacas Guzerá FACEIRINHA-JA, com 10,5 litros; BAILARINA-JA, com 12,0 litros; ALTEZA-JA, com 10,5 litros. ("Correio de Cantagallo", s/d).
Uma outra mensuração foi o da qualidade do leite. Diz o "Almanaque Agrícola Brasileiro" que "uma nota digna de registro pela sua importância, é a referente à riqueza em substância butirosa, que o leite do Zebu contém. A prova de butirômetro, como a obtida pela desnatadeira, conforme atesta a direção técnica da Usina de Congelação e de Produtos de Laticínios, pertencente à exma. sra. Condessa de Nova Fribrugo, afirma que o leite das vacas indianas do sr. João de Abreu, é muito gordo. Assim, bastam para a obtenção de 1 kg de manteiga, 17 litros, ao passo que das vacas européias e nacionais que fornecem leite, só com 22 litros conseguem formar 1 kg de manteiga. Cumpre notar que o sangue Jersey e o Holandês predomina nos produtos mestiçados da região".
Carne -Também realizava pesagens dos machos, utilizando a ferramenta da época: um "cordão de peso", onde se viam muitos nós. As distâncias entre os nós indicavam as medidas de um animal considerado ideal. Havia assim a distância do perímetro torácico, do comprimento total, do comprimento da garupa, da altura total, do perímetro da canela, etc. João de Abreu contava com alguns compradores de gado, os quais percorriam as fazendas, levando consigo um "cordão de peso": Estes compradores sabiam que os animais que preenchessem aquelas medidas seriam comprados pelo criador de Cantagalo. Esse cordão era a "balança" daqueles tempos. O pioneiro do Zebu procurava, assim, comprar apenas animais de muito peso, muito leite e boa conformação: estava indicando o caminho natural da pecuária do futuro.
Acirrava-se, também, a polêmica de que a carne do Zebu era muito inferior à carne do animal europeu. João de Abreu, que já havia sido marchante de gado de corte, resolveu passar a limpo esta questão. É a revista "A Fazenda Moderna", 1917, p. 135 a 224) que conta como o esperto criador colocava carne. de Zebu, como sendo de segunda, e a carne de raças européias como sendo de primeira, em seu ponto de venda, em Niterói, onde a maior parte das freguesas eram inglesas. Confessa ele que, depois de ouvir sua sugestão, as mulheres resolveram experimentar a carne de segunda e não a consideraram inferior, em nada, à de primeira. Numa segunda fase, passou a trocar as plaquetas de identificação e as freguesas não perceberam nenhuma diferença. Finalmente, colocava apenas carne de Zebu, e todas as freguesas continuaram frequentando e comprando, como sempre.
Para dar um cunho "científico" ao teste, ele mesmo escreveu as seguintes palavras: "Possuía eu vários açougues, inclusive um em Icaraí, barro aristocrático e bastante habitado por ingleses, notabilizados, quiçás, pela sua preferência pela célebre carne de gado Durham, Devon, e outros super- finos bovídeos. Escolhi animais lindos, cevados, que viviam em estábulo, superalimentadas, mesmo. A rês mais nédia foi exposta, em pedaços, com vistosos cartazes: "Carne de 1ª qualidade, de escol, kilo $1000". Havia também outros indicando "Carne de 2ª qualidade, kilo $800". A de 2ª qualidade provinha de um mestiço CaracuZebu, de respeitável passado como boi carreiro.
Pois, com tremendo pasmo, por mais que os empregados procurassem justificar o preço da carne de 1ª, por ser marbreada, isto é, constituída de fibras finas de carne gordurosa, autênticas inglesas, patroas e criadas, afirmavam que eram iguais os tipos à venda e o mais eram cantigas para se cobrar mais caro! Então, fiz ceder a carne de primeira pelo preço estipulado como de segunda, por se tratar de um dia de estreia, ficando claro aos compradores que, no dia seguinte, cada carne teria seu preço de acordo com a qualidade. Dormi tranquilo, confiante na lógica dos fatos. No dia seguinte, outro grande pasmo sofri. As senhoras inglesas confirmaram não haver grande diferença na carne, mas sim unicamente nos preços, e preferiam a carne classificada como de segunda."
A partir dessa data, passou a comercializar carne, como sempre, sem se preocupar com o nome da raça. Essa foi a primeira prova de palatabilidade de carne, no Brasil. Era mais uma vitória para o Zebu!


6 - A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
Em 1914 estourou a Primeira Guerra Mundial e, em 1915, a Argentina exportava 362 mil toneladas de carne, enquanto que o Brasil mal enviava 8,5 mil, equivalendo a apenas 29 mil reses.
Em 1914, o governo decretou uma "Moratória do Café", condenando milhões de sacas às cinzas e quase paralisando os transportes do país, devido ao conflito que ganhava contornos medonhos, na Europa. Muitos fazendeiros trocaram seus cafezais pela pecuária, na ocasião. A disseminação e a vitória do Zebu, no interior brasileiro, constituíam uma boa alternativa diante dessa crise.
Foi a guerra que deu um memorável impulso e que realmente consolidou o Zebu, nessa fase histórica. O azebuamento, nesses dias, era uma imperiosidade, uma forma garantida de ganhar dinheiro. As boiadas erguiam nuvens de poeira pelas estradas e veredas, graças ao Zebu, andejo e lucrativo. Os paulistas podiam lutar contra o Zebu, mas não podiam tapar o sol com uma peneira, quando os europeus estavam se envolvendo na "Guerra para acabar com todas as guerras", ou seja, na maior guerra de todos os tempos. Os exércitos pediam mais e mais carne, não importando de qual raça ou de qual país. No Brasil, sairia vencedora a raça que fosse apta a ocupar novos espaços, no sertão, produzindo crias saudáveis.
O governo brasileiro lançou vários decretos de apoio aos produtores de carne, ao mesmo tempo que diversos frigoríficos instalavam-se no país, tendo em vista atender os exércitos beligerantes. Somente em São Paulo foram instalados 5.936 estabelecimentos fabris, durante o período da guerra! O gado ganhou uma autorização especial para ser transportado por meio das ferrovias! Um outro decreto proibia o abate de vacas e vitelas aptas para a reprodução, pois ninguém sabia quanto tempo iria durar o conflito na Europa. Agiu bem o governo brasileiro durante a crise. As exportações aumentavam, a cada ano. A produção de alimentos, que era de 20,6% do PIB, em 1907, saltaria para 40,2% em 1915. A exportação de carne, que era nula, foi ganhando espaço, até chegar à fantástica cifra de 65.509 toneladas, em 1918, quando o conflito terminou.
A pecuária de corte ocupou espaços que jamais seriam ocupados se não houvesse a guerra na Europa. O gado zebuíno tornou possível essa expansão e colocava abaixo os argumentos científicos de Pereira Barreto e Eduardo Cotrim. Em apenas quatro anos, os mestiços de Zebu ocuparam uma enorme vastidão territorial e passaram a ser encontrados em todos os rincões. Onde o Zebu chegava, logo tornava-se "Rei".
Nesse período, a pecuária fluminense mantinha sua tradição de melhorar o gado puro-sangue Zebu, de acordo com as raças, que eram o Guzerá e o Nelore. Já os triangulinos, até para evitar que os compradores continuam se deslocando-se até o Rio de Janeiro, passaram a divulgar animais mestiços, de grande porte. "Tudo era Zebu e tinha o mesmo valor" - era a voz corrente naqueles dias. Assim, os milhares de pecuaristas passariam a evitar a difícil viagem até o Rio, podendo se abastecer no Triangulo Mineiro, que vinha importando, diretamente da Índia, milhares de cabeças.
Os compradores preferiam o gado denominado de "meia-orelha" em que imperava o sangue Guzerá, pois este determinava, nos mestiços, sempre um tamanho mediano nas orelhas, quando comparados com os animais europeus, de orelhas curtas. Formavam-se, então, duas "escolas": a do gado puro, do Rio de Janeiro, e a do Zebu em geral, do Triângulo Mineiro.

7 - O ZEBU NA IMPRENSA DA ÉPOCA
Até perto de 1920, os fluminenses é que sustentavam a ampla propaganda do gado Zebu, enfrentando a "guerra" promovida pelos paulistas. Os periódicos mais utilizados, na época, foram os seguintes: Chácaras&Quintaisn(São Paulo), A Fazenda Moderna (Rio de Janeiro), Almanaque Agrícola Brasileiro (Rio de Janeiro), Sítio & Campo (Rio de Janeiro). Além desses periódicos, haviam os jornais da época, e revistas regionais do Rio de Janeiro, como "A Vida Doméstica", "Diário Serrano", etc. O primeiro anúncio de um rebanho mineiro surgiu em 1917, de propriedade do Cel. Horácio José Lemos, de Juiz de Fora. Nesse ano, a imprensa também mostrou o rebanho de José Flausino de Britto, de Barretos, deixando claro que os paulistas já aderiam ao Zebu.
Destacava-se como propagandista do Zebu o criador João de Abreu Júnior, por meio de artigos longos, matérias didáticas, relatórios de experiências na fazenda, e propagandas diversas, incluindo até capas da revista "A Fazenda Moderna". A seguir, batalhavam Joaquim Travassos, como estudioso do Zebu, Sebastião Monnerat Lutterbach, como apologista, Dantas Bião, como rebatedor das críticas de Pereira Barreto, e outros. João de Abreu Júnior despontava como um "homem de marketing", já naquele tempo, lutando pelo Zebu.
João de Abreu estava sempre presente nos grandes eventos pecuários. No dia 13 de Maio de 1917 abriam-se os portões da Exposição Nacional de Gado e Indústrias Anexas, no Rio de Janeiro. Ali foi premiado um garrote, PAVILHÃO, que iria fazer um grande sucesso nos próximos anos. Também em 13 de Maio de 1918, tinha início a 2ª Exposição Nacional de Gado, também no Rio, sob comando da Sociedade Nacional da Agricultura. Lá estava o gado Guzerá de João de Abreu Júnior. O rebanho de marca JA sempre manteve a tradição de estar presente nas exposições nacionais, desde aqueles tempos.
Ser um homem de "marketing", naqueles dias, era tarefa ingrata. Não era fácil fotografar animais, quando os profissionais eram poucos e moravam na capital. Conta Anthero Feijó que os fotógrafos moravam longe demais. Quando se tenta trazer um deles, começa por tergiversar. Depois exige que se tire, pelo menos, 3 fotografias; uma dos touros e outra do gado nos currais, pedindo pela dúzia de cada uma, 150 mil réis, no mínimo, exigindo assim 3 dúzias. De modo que o fazendeiro tem que pagar pela viagem e trabalho dele, a quantia de 450 mil réis, quando não mais. Além disso, o fotógrafo quer ser tratado a vela de libra e viver como o genro mandrião, na casa do sogro" ("Sobre o gado indiano" in "Chácaras & Quintais'; 1921, p.196).

8 - A FAZENDA ITAOCA
Em 1918, João de Abreu Júnior leva seu gado Guzerá para a recém comprada Fazenda Itaoca, ao lado da histórica Fazenda de Areias, do Barão de São Clemente. Logo mais, essa fazenda tornar-se-ia a "Meca do Zebu", no Rio de Janeiro, recebendo autoridades e estudiosos do mundo inteiro.
Mantinha o máximo empenho em preservar o tipo Guzerá, como indicado nos catálogos da firma Hagenbech, importadora. Estava certo, pois o técnico Antônio da Silva Neves, enviado à Índia, em 1919, voltou e escreveu em seu relatório para o Ministério da Agricultura: "Mais de 75% do gado introduzido no Brasil são tipos ordinários, misturados, notabilizando-se apenas pelo comprimento das orelhas. Na Índia, os brasileiros tornaram-se conhecidos como compradores de orelhas. A aquisição de reprodutores puros, animais de elite, é um problema muito mais difícil do que se imagina."
Observador arguto, João de Abreu notou que seu gado distanciava-se dos demais, em termos de pureza racial. Em 1919 comprou 3 touros, 9 vacas, 2 novilhas e 2 bezerros, todos importados. Um deles veio a ser o raçador LAHOR, de destaque na época. Era um comprador de gado de alta pureza!
A partir dessa data, João de Abreu também intensificou seu comércio de Zebu. Enviava lotes, por trem, que eram descarregados em Resende, ou em Cruzeiro, como se fossem seguir para Minas Gerais. Tomavam, no entanto, um rumo proibido: São Paulo. Por três vezes, os lotes foram expulsos do Estado: o governo pagava o frete de retorno, depois do aprisionamento do gado, mesmo quando já estivesse vendido. Mesmo assim, surgiram núcleos de Zebu, devido a essas viagens, em Queluz, Cachoeira Paulista, Aparecida, Lorena, Guaratinguetá, e outras cidades.
O procedimento era sempre o mesmo, os ajudantes desfilavam com o gado pelas ruas, para exibir a mansidão do Zebu de longos chifres. Depois, quando havia bastante público, ordenhavam-se duas ou três vacas, na praça pública. Era um sucesso! Exibir ordenhas de gado Zebu, nas ruas de cidades estranhas era um inusitado pioneirismo!
Nessa ocasião, João de Abreu Júnior contava com um rebanho de 300 vacas zebuínas, mais 150 vacas parideiras, mais 100 novilhas e 51 garrotes ("Almanaque Agrícola Brasileiro" - 1919)

9 - A BUSCA DO LEITE INVISIVEL
Nessa ocasião, todo o plantel do pioneiro estava registrado no Serviço Genealógico mantido pela antiga Sociedade Fluminense de Agricultura e Indústrias Rurais, com sede em Niterói. Não havia, ainda, qualquer associação em Uberaba.
A fazenda já mantinha, também, um Certificado de Origem, onde se lia o refrão "Zebu Manso e Leiteiro" (SANTIAGO, 1984, p.150).
Em 1919, João de Abreu comprou diversas vacas e 2 bezerros, sempre importados da Índia. Os bezerros foram CALICUT e INDU. Em abril desse ano foi adquirido outro lote, incluindo as vacas SURAT, MANDALET, CATTIAVAR, BENARES e AGRA - todas com cria ao pé. Esse gado fora encomendado a Manoel Alves Caldeira Jr., em uma de suas importações.
João de Abreu havia pedido a Caldeira que trouxesse "as melhores vacas leiteiras Guzerá que encontrasse na Índia".
Um vaqueiro indiano que havia acompanhado os animais, por imposição religiosa, informou que as melhores leiteiras seriam, sempre, as filhas de "CALICUT" e "BENARES", pois ambos tinham ascendentes de "quatro orelhas". João de Abreu acreditou nessa possibilidade e tratou de acasalar os dois animais, CALICUT e BENARES, e seus descendentes, em estreita consanguinidade. Realmente, os produtos eram sempre superiores. Diversas fêmeas nasciam com um pequeno apêndice sobre o pavilhão auricular: era a denominada "quarta orelha". A seguir, nasceu o primeiro macho também "quatro orelhas"'. Estava constituída uma família de animais altamente leiteiros, no Brasil.
Este episódio foi o primeiro gesto da Zootecnia brasileira, em selecionar uma característica fanerótica, por via da segregação mendeliana. Se os triangulinos iriam selecionar o comprimento de orelhas, como sinal de excelência, João de Abreu iria preservar o tipo leiteiro caracterizado por "quatro orelhas".
Daí para a frente, João de Abreu manteria o gado "quatro orelhas" como referencial de alta produtividade. Até hoje, na década de 1990, muitos criadores de Guzerá leiteiro valorizam, ainda, os animais de "quatro orelhas" pois eles indicam, com segurança, uma boa produtividade. (Afirma Allyrio Abreu que, no rebanho JA, a característica "quatro orelhas" cumpriu seu papel, no passado, indicando fêmeas que se aproximavam de 4.000 kg de leite na lactação. Ao obter fêmeas com produções mais elevadas, por meio de outras famílias, a característica de "quatro orelhas" já poderia ser dispensada, nessas linhagens).
Entusiasmado com o sucesso de seu gado, João de Abreu Júnior continuava na vida de comerciante, sempre viajando por cidades vizinhas: Juiz de Fora, Leopoldina, Cataguases, Rio Pomba, etc - vendendo Zebu de alta qualidade, e ordenhando vacas nas praças públicas.
Por conta dessas ordenhas, a revista "Agropecuária Tropical" iria sugerir, na década de 1980, à Associação dos Criadores de Guzerá do Brasil, a instituição de um Torneio Público Leiteiro", com animais nos pavilhões das exposições, ao invés de um tradicional "Concurso Leiteiro"em galpão fechado, como acontece com as vacas europeias. Este Torneio iria começar uma nova fase histórica para a raça Guzerá, na região nordestina do Brasil, gerando novas estatísticas úteis para a promoção do gado.
Conta Santiago que "desde 1921, nos concursos leiteiros que se realizavam durante as exposições anuais de Cordeiro, as reprodutoras da Itaoca venciam frequentemente, as mestiças das raças europeias e até as reprodutoras puras, com produções de 12 a 16 kg diários. No tocante à matéria graxa, saíam sempre vitoriosas, com índices variáveis entre 7 e 10% de gordura, valores estes nunca verificados antes com fêmeas da espécie bovina. E á situação iria se manter, mesmo depois do falecimento do pioneiro" ( SANTIAGO, 1984, p.287)

10 - PAVILHÃO: MAIS DE UMA TONELADA
Um dos pontos altos da carreira de João de Abreu Júnior, foi a apresentação do touro PAVILHÃO, na Exposição de Cordeiro, em 1921, que já se firmava como "capital da pecuária fluminense" e, depois, em 1922, na Exposição Nacional Comemorativa do Centenário da Independência do Brasil, no Rio de Janeiro - diante de embaixadas de vários países. Ali se sagrou Campeão Nacional, novamente, pesando 1.050 quilos - o animal mais pesado já surgido no Brasil. E era um puro Zebu! Esse peso somente seria ultrapassado, pela raça Guzerá, na década de 1970, cinquenta anos depois! Foi tamanho o sucesso que o touro ganhou até uma música especial que não cansava de ser tocada. A seguir, sua imagem estaria gravada em dezenas e dezenas de rótulos e reportagens. Tornou-se famosa a aguardente "Itaoca", fabricada na Fazenda Itaoca, com o famoso touro em destaque.
Em 1922, dizia o "Almanaque Agrícola Brasileiro" (p. i 89) : "De boca em boca, durante os dias da Exposição de Cordeiro, andou o nome de PAVILHÃO, que já fora premiado na 3ª Exposição do Rio, e que acabava de ficar em 1º no grande certame de Cordeiro. É que PAVILHÃO fora proclamado o "Rei da Pecuária Fluminense" ! E só ele, só o PAVILHÃO, a sua beleza de linhas, de orelhas, de giba e de corpulência descomunal, arrastava à Exposição, milhares de pessoas ansiosas para o rodearem de admiração e o cobrirem de aplausos. "

11 - A PRIMEIRA EXPORTAÇÃO PARA OS ESTADOS UNIDOS
Em 1923 e 1924 aconteceram as exportações para o México e os animais seguiram dali para os Estados Unidos, depois de sobreviverem a dias difíceis devido à guerra mexicana. Os animais haviam sido escolhidos em bons plantéis do Brasil: Guzerá de João de Abreu Júnior, Nelore de Pedro Nunes e Octacílio Lemgruber, e outros.
Esse gado iria ser muito utilizado para a consolidação do Brahman, sequndo o livro "American Brahman", permitindo o surgimento do touro ARISTOCRATA, um Guzerá, que seria o pai do famoso MANSO. Pouco antes da importação, Fernando Ruffier havia cumprido uma missão oficial aos Estados Unidos, onde havia observado que o Zebu norte-americano tinha valor no comércio de carnes. Lembrara que tinha conhecimentos de um gado Guzerá que, além de corpulento, também era manso e leiteiro. Por meio dessa informação, o gado de marca JA seria bastante utilizado na formação do Brahman. Ruffier fez uma conferência no dia 20 de agosto de 1922 para os brasileiros, onde teceu muitos comentários sobre a pecuária norte-americana e brasileira, estando alguns publicados no "Jornal do Comércio" do dia seguinte.

12 - A GRANDE VIRADA
As décadas de 1920 e de 1930 modificaram o cenário da pecuária brasileira. Por volta de 1926 brilhava, em Uberaba, o gado tipo "Induberaba", criado por José Caetano Borges e insuflado pelo Herd Book Zebu, de Uberaba. Esse gado era originalmente formado a partir da mistura de gado Guzerá com Nelore - o qual tinha garantido a expansão do Zebu - mas, no início da década de 1920, já mostrava sinais da infusão do sangue Gir. Tornou-se, então, o "modelo" do Zebu brasileiro. Era o gado que todo fazendeiro poderia pretender, naquela época, de norte a sul do país, com ótima conformação, boa altura e grande peso.
Os mascates apregoavam, abertamente, a necessidade de transformar todo Zebu num único tipo, já vitorioso: o Induberaba. Por conta disso, levavam os fazendeiros a utilizar as fêmeas Guzerá e Nelore para a formação daquele gado. Era o começo de um período negro para as raças puras. Em 1928, os uberabenses rejeitaram o nome "Induberaba", por ser bairrista, e criaram um outro: "Indubrasil", como gado ideal para todo o país. Por conta dessa atitude, José Caetano Borges retirou-se da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, jurando nunca mais retornar. Ele entendia que todas as raças deveriam ter seu lugar. Fez erigir, então, um monumento ao gado Zebu, para eternizar aquilo que julgava ser um bom trabalho de seleção, identificado pelo touro LONTRA, na cidade. Seu brado de alerta, todavia, cairia no esquecimento.
Rapidamente, o Indubrasil tomou conta do cenário. As raças puras desapareciam dos currais. A ânsia de erguer o Indubrasil era tão grande que a imprensa da época, proclamava a necessidade de até "caçar as fêmeas de outras raças" para fazer mais e mais Indubrasil. Realmente, apenas um punhado de criadores mantinha alguns animais puros, longe da euforia mercantilista. Não faltaram "amigos" de João de Abreu que afirmavam que ali poderia sediar o melhor plantel de Indubrasil do país, devido à aptidão leiteira das fêmeas Guzerá! (SANTIAGO, 1 984, p.1 51)
Na raça Guzerá, iria permanecer João de Abreu Júnior, convicto da excelência do gado que tinha tamanho, leite, beleza e mansidão. EDUARDO DUVIVIER iria escrever: "João de Abreu foi o mais sacrificado selecionador brasileiro, por ter sido o mais incompreendido, fazendo a seleção para a produção de leite, que sempre pouco valeu, e lutando com a confusão estabelecida e consagrada no antigo padrão oficial da raça, que criava um tipo de denominação inexistente na Índia. Não fosse sua teimosia, que o fez suportar, sem desânimo, as maiores injustiças, o Kankrej de há muito não existiria no país. O Brasil deve-lhe, portanto, este inestimável serviço".
TOGO, touro nascido em 1928, na Índia, e trazido pelo importador Francisco Ravísio Lemos para seu pai. Horácio José de Lemos, da Fazenda Benfica, de Juiz de Fora, foi comprado por João de Abreu, nesse período conturbado. Foi este o último touro a entrar no rebanho por isso é tão importante. Daí para frente, apenas seriam utilizados animais próprios da Fazenda Itaoca.
Essa "teimosia" fez com que o rebanho se tornasse o de maior pureza genética na história da pecuária brasileira. Hoje, existem linhagens com mais de 60 anos de alta consanguinidade, e documentos que indicam 100 anos de seleção! Algo inédito na Zootecnia moderna!

13 - A QUEBRADEIRA DO CAFÉ
Seguindo-se à queda da Bolsa de Nova Iorque, o governo brasileiro iria queimar dezenas de milhões de sacos de café, no início da década de 1930, nas praças públicas. O preço do gado despencou; se antes valia 1 a 3 contos, caiu para 100 a 200 mil réis. Fêmeas compradas por somas absurdas como 400 contos passaram a valer apenas 400 mil réis! ( SANTOS - "A Saga do Zebu no Brasil", p.55)
Desde o advento do gado denominado "lndubrasil", as vendas de gado puro-sangue não iam bem. O pior, todavia, foi a quebradeira dos donos de cafezais, que afetou, bruscamente, os pecuaristas em geral. A periferia do Rio de Janeiro, que ainda sobrevivia, a duras penas, com a renda de um pouco de café, viu-se, de um momento para outro, sem nada. João de Abreu, de novo, passou a repetir o velho sistema de divulgar seu produto: "colocava o gado nas estradas, para vender". Mesmo com a dramática situação financeira, frequentou a Exposição de Petrópolis, em 1933, sempre ampliando o círculo daqueles que davam valor a um gado manso e leiteiro.

14 - O REGISTRO GENEALÓGICO DO ZEBU
Durante a Exposição Nacional de 1936, no antigo Derby (hoje ocupado pelo estádio do Maracanã), aconteceria o grande feito de João de Abreu, na história.
Ali estavam as representações leiteiras das raças Jersey; Guernsey, Holandesa, e outras - geralmente advindas do Rio Grande do Sul, terra de origem do presidente Getúlio Vargas.
Durante o Concurso Leiteiro, a campeão foi DORA-JA, com 11 ,5 kg. Venceu todas as raças. Também as fêmeas ITA-JA e CAMARADA-JA saíram-se muito bem, com média acima de 10,0 kg. O Zebu destronava as raças europeias, naqueles dias.
O público e o próprio presidente, no entanto, tinham olhos para a vaca ALUDRA-JA, enorme, linda, imponente, com peso nunca visto em uma fêmea, mais de 650 kg. Era a campeã, de fato.
No momento dos cumprimentos oficiais, quando o presidente Getúlio Vargas via o filme especialmente realizado na Fazenda Itaoca (talvez o primeiro filme realizado em uma fazenda brasileira, sobre o Zebu!) lembrou e imitou um pouco o cientista anti-zebu, Pereira Barreto: "O Zebu pode até ser um gado grande, e aqui vimos que também é leiteiro, mas sua carne realmente não pode disputar, em qualidade, com o gado do sul!". João de Abreu, num gesto de extrema dedicação à causa, respondeu: "Pois essa campeã-de-peso é de Sua Excelência, para um churrasco, aqui no parque".
O resto da história tornou-se corriqueira: Getúlio só admitiria o tal churrasco se preparado por seu churrasqueiro de São Borja. Foi um corre-corre, mas o churrasco ficou pronto, no final da Exposição. Getúlio Vargas, como se esperava, aprovou o sabor, a maciez, e a fidalguia de João de Abreu. Durante as conversas, o presidente perguntou qual o melhor caminho para o Zebu. João de Abreu respondeu: "Presidente, faça abrir um Livro de Registro Genealógico que seja útil para todo homem brasileiro, com o aval e a seriedade do Ministério". Getúlio levou a conversa adiante: "E onde esse Serviço teria que ficar. Aqui na capital, Rio de Janeiro? "João de Abreu foi claro e taxativo: "Não, excelência, o Zebu é um gado para todo o Brasil. O Serviço deveria ficar o mais perto possível dos criadores. "
Naquele momento, o presidente Getúlio Vargas chamou seu Ministro de Agricultura e determinou o estudo e possível aprovação de um Serviço de Registro Genealógico, o qual viria a ter sua sede na cidade de Uberaba. Dois anos depois, em 1933, tinha início o registro genealógico do Ministério, para todos os brasileiros. O sacrifício da vaca campeã ALUDRA-JA valeu!

15 - O "ASSALTO" AO GADO KANKREJ
Com o início do Registro Genealógico, começava um outro período negro na história de João de Abreu Júnior. Todo o gado deveria ser inscrito no Livro, depois de observado pelas comissões de registro da SRTM-Sociedade Rural do Triângulo Mineiro. A intenção de tais comissões, no entanto, parecia ser a de prejudicar o gado, pois logo na primeira visita, registraram apenas 22 fêmeas e nenhum macho. É SANTIAGO (1984, p.151/151) quem conta: "Por vezes, certos reprodutores que, em sua opinião de criador antigo e capaz, eram os melhores, indispensáveis até para seu trabalho seletivo, foram vítimas da incompreensão de alguns pseudos "técnicos ou conhecedores" enviados para a Fazenda ltaoca. O gado recusado era, a duras penas e altos custos, transferido para São Paulo, onde era registrado. Depois, esse gado retornava para Cantagalo. Houve até ocasiões em que as comissões marcavam, todas as fêmeas apresentadas e negavam aprovação a todos os machos - aconselhando o velho e caprichoso selecionador a comprar "bons touros que tinham à venda...
Esse calvário iria durar muito tempo. O gado Guzerá era perseguido. ustamente pela sua excelência. Em 1939, as comissões registraram 1695 animais Indubrasil, apenas 178 Nelore, 19 Gir e 64 Guzerá. O próprio SANTIAGO, que era técnico de registro, na época, em São Paulo, escreve: "Em novembro de 1945, examinamos e marcamos, no Parque da Água Branca, um lote constituído de 10 touros e garrotes oriundos da Fazenda Itaoca, todos de muito boa qualidade, sendo que alguns vieram a servir como reprodutores na Fazenda, como POLIDORO, MINEIRO, RAJÁ, GUAXUPE, LUMINOSO e CABOCLO. Entre eles estavam também o garrote que seria o notável raçador TARZAN e aquele que seria até Campeão Nacional, BATURlTÉ. Se narramos este fato, é apenas para demonstrar o espírito de luta e a soma de sacrifícios que o destino exige dos pioneiros, como João de Abreu. "
Os técnicos confundiam-se a respeito do que denominar de Guzerá e o que seria o Kankrej indiano. Assim, preferiam acreditar que o gado correto era aquele que estivesse mais perto de Uberaba! E o Rio de Janeiro estava muito longe!
Até em 1954, depois do falecimento do pioneiro, o gado Guzerá-JA continuou sofrendo pressões, conforme conta seu filho, Allyrio Abreu: "Nesse ano, levamos gado bom, e leiteiro, mas que não havia logrado ganhar o registro, para a Exposição Comemorativa do Quarto Centenário, no Parque da Água Branca, em São Paulo. Os juízes foram o Prof. João Barisson Villares, o Sr. Virmondes, de Uberaba, e outros. O gado era tão bom que essas autoridades admitiram que o lote inteiro fosse então registrado e, depois, muitos animais foram premiados. Entre os animais estavam alguns que iriam se destacar no plantel fluminense, tais como GLADIADOR, TULIPA, JANGADA, MAZURCA, etc, como sendo de alta produtividade".

16 - A PUREZA DA RAÇA EM DISCUSSÃO
Com a expansão do gado Indubrasil, as raças puras ficaram relegadas a um segundo plano. Rapidamente, poucos criadores sabiam exatamente o padrão original. Surgiu, então, na metade da década de 1930, um movimento que ficou conhecido, historicamente, como de "retorno às raças puras". Esse movimento iria levar o Gir para um exagerado purismo e, no Guzerá, surgiria a discussão de que haviam dois tipos: o Kankrej e o Guzerat. João de Abreu ficou sozinho, na discussão, deixando claro que havia apenas um tipo, o milenar encontrado na Índia, embora com "estilos" diferentes.
Quando surgiu o Registro Genealógico os técnicos indicavam o Guzerá verdadeiro como sendo aquele que abundava ao redor de Uberaba, geralmente de grande porte, mas sem uma seleção leiteira e racial - como já explicado em cima.
João de Abreu Júnior, o veterano pioneiro, insistia na busca do ideal da raça e vários cientistas estavam com ele nessa maratona, a qual teve muitos capítulos interessantes. A solução somente seria apresentada quando o Prof. João Barisson Villares, retornasse da Índia, no início da década de 1950 (depois do falecimento do pioneiro João de Abreu Júnior). Quando chegou ao Brasil, o dedicado cientista compareceu à Fazenda Itaoca, com muitas fotografias e um filme. Exibiu algumas fotografias e ficou satisfeito quando vaqueiros da fazenda dissera: "Esse gado é da Itaoca mas quem são essas pessoas vestindo 'saias'?" Na verdade, eram vaqueiros da própria Índia!
Estava confirmado, então, que o gado Guzerá de João de Abreu era perfeitamente similar ao gado indiano. Essa luta, no entanto, iria perdurar por muito tempo. Somente em 1962, o trabalho do Prof. Villares - com fotografias e livros trazidos da Índia - iria ser reconhecido, e seria então reescrito o padrão racial, seguindo exatamente o que havia norteado o pioneiro João de Abreu Júnior. A comissão que escreveu o novo padrão era formado pelos filhos de João de Abreu, João Carlos Burguês de Abreu, Allyrio Jordão de Abreu, Prof. Fontes, Ernesto de Salvo e o estudioso Alvarenga, de Goiás. Estaria, então, encerrada a polêmica sobre o Guzerat e o Kankrej, evidenciando que o pioneiro João de Abreu Júnior sempre estivera correto.

17 - GUZERÁ NO PROJETO RONDON
Entre 1938 e 1945 o Serviço Nacional de Proteção aos Índias ganhou notoriedade, abrindo postos de serviços em várias reservas. Era o "Projeto Rondon", que ganharia renome imediato.
Tentando viabilizar cada posto, o governo pensou em colocar ali alguns animais leiteiros. Escolheu o gado mais rústico e leiteiro de que se tinha conhecimento: o Zebu de João de Abreu Júnior. O criador passou a escolher um lote adequado para cada estabelecimento, a saber: Manaus (AM), Itabuna (BA), Rio Branco (AC), Belém (PA), e outros. O Guzerá-JA cumpria seu papel, tornando-se o elo de união entre milênios de história da civilização indígena brasileira.
Ao mesmo tempo, o gado ganhava fama no Exterior. Brevemente, exportações seriam realizadas para o Senegal, Angola, Moçambique, Colômbia, Bolívia, Venezuela, México, Costa Rica, Nicarágua, e tantos outros países. Em todos esses países restaram, sempre, alguns núcleos que souberam aproveitar as características de mansidão e aptidão leiteira do gado, principalmente na Venezuela, Colômbia, Bolívia e México.

18 - MUITO LEITE, DE FATO
João de Abreu Júnior sabia que tinha um bom gado e gostava de promoção. Sabia que só divulgava quem tinha algo bom. Sempre gostou da imprensa, até porque não tinha representantes ou mascates contratados para seu gado. Era, decididamente, um homem de "marketing" (no linguajar de hoje).
Durante o período da 2ª Guerra Mundial, o Brasil passou a exportar muita carne, e o setor pecuário estava eufórico, crescendo como nunca! João de Abreu podia viajar e promover seu gado, com relativa folga. Os bancos financiavam as compras, devidos às exportações. Já em 1939, o país saltava de 50.000, para 80.000 toneladas exportadas. Em 1940, seriam 147.000. Em 1941, mais 120.000, seguidas por 127.000 em 1942. Quando a guerra terminou, as exportações despencaram e, com elas, uma multidão de pecuaristas desavisados.
Em 1937, o rebanho de João de Abreu Esteve na Expo. Nacional de São Paulo. Em 1939, na do Rio de Janeiro. Em 1942, na do Rio de Janeiro (foi a última "nacional" do Ministério, na época)
Em 1944, esteve na de Belo Horizonte. Também na Expo. Nacional de Gado Zebu, em Uberaba, pela primeira vez - onde a vaca SIMATIA-JA foi consagrada a Grande Campeã.
Nem tudo era alegria, nesse período, pois Getúlio Vargas havia determinado o fechamento compulsório ("lacramento") dos engenhos de açúcar, no RJ, em 1939. Essa era uma eficaz fonte de renda na Fazenda Itaoca, depois que os cafezais haviam sido derrubados. O gado Guzerá teria, agora, que suprir todas as necessidades, sozinho, com seu leite e seu valor genético.
"O caminho do Guzerá estava na produtividade de leite e nos cruzamentos" - dizia João de Abreu Júnior. Os cientistas brasileiros, todavia, não acreditavam em "leite de Zebu", encabeçados pelo competente OCTAVIO DOMINGUES. Esse cientista resolveu conferir, in loco, o desempenho das vacas de João de Abreu Júnior. Ficou alguns dias na fazenda, para assistir várias ordenhas e trocar opiniões com o pioneiro do Zebu. Foi ali que esboçou mais um livro em sua agenda, dessa vez sobre a potencialidade do Zebu Leiteiro (seria o livro "Gado Leiteira para o Brasil"). Havia visto gado zebuíno produzindo leite, em condições jamais imaginadas pela Ciência Europeia. Esta constatação tinha um valor imensurável para o Zebu do país inteiro.

19 - VIABILIZANDO O GADO TABAPUÃ
No final da década de 1930, analisando seu gado, João de Abreu Júnior resolveu descartar as vacas de pelagem clara, tendo em vista o padrão indiano que ele percebia ser o mais correto. Essas vacas claras, de chifres amplos, tipicamente leiteiras, eram cobiçadas por muita gente. Um grande lote foi vendido para a região de Alfenas (Muzambinho) e outros para o interior paulista.
Nesse tempo, o estudioso Dr. Alberto Ortenblad resolveu adquirir animais Guzerá para consolidar um gado zebuíno tipicamente formulado para o Brasil. Antes de tudo, teria que ser mocho, e branco. Escolheu, então, o Guzerá, pelas suas virtudes óbvias, adquirindo gado em João de Abreu Júnior e parte na família Lutterbach, ambos do Rio de Janeiro.
Não é à toa que o pioneiro e estudioso Ortenblad, em suas anotações (folheto ilustrativo sobre a formação da nova raça) deixava claro que muitas características do Tabapuã eram oriundas do Guzerá (e não do Gir, como pretendem alguns, ou mesmo do Nelore, como pretendem outros). O novilho mocho, que dera origem ao gado Tabapuã, no entanto, era oriundo de Goiás! O lastro formador do Tabapuã, portanto, era mesmo Guzerá!
Essa circunstância histórica explica a boa aptidão leiteira do gado Tabapuã, seu excelente arqueamento torácico, sua peculiar forma de andamento, sua formação craniana, suas orelhas, sua fronte plana, e outros detalhes. Tudo isso teve origem, de fato, num bom gado Guzerá muito manso e muito leiteiro.

20 - O DESCANSO DO VELHO GUERREIRO
Em 1945, explodiu a "Lei Pecuária", em que Getúlio Vargas cortou todos os créditos destinados ao setor, provocando a maior quebradeira na história do criatório nacional. Era uma forma de coibir os abusos dos pecuaristas que buscavam dinheiro nos bancos para finalidades alheias à pecuária. "Cerca de 29.000 propriedades rurais desapareceriam na poeira do tempo, varridas do mapa, naqueles dias conturbados da "crise pecuária" F SANTOS, "A Saga do Zebu Brasileiro", p.109)
Daqui até o final de sua vida, João de Abreu Júnior, já alquebrado, muito debilitado, tendo passado por uma vida cheia de atribulações, permaneceu na fazenda, sempre "com o olho no gado".
O do dia, na parte da manhã, sentava-se na varanda e assistia ao desfile de touros e vacas escolhidas. Testava, até no final dos dias, a mansidão do gado, da seguinte maneira: pedia a um vaqueiro para utilizar uma varinha, tentando tocar o prepúcio do touro. Se o animal hesitasse ou estranhasse, era considerado "não manso".
Como testamento, fez uma fotografia com o animal que julgava ser o ponto-final de sua vida: FRIBURGO-JA. Deixava claro que, a partir desse animal, poderia ser obtido o Guzerá do futuro. Em 15 de fevereiro de 1949, João de Abreu Júnior faleceu, aos 80 anos.
Diz SANTIAGO (1984, p. 152): "Visitando o recinto de exposições de Cordeiro, não podemos deixar de nos sentir comovidos, ao defrontar com o monumento erguido ao nosso velho e bom amigo, João de Abreu Júnior. Recordamos, então, a vida toda dedicada ao Guzerá, daquele menino imigrante de 1877, que deixou um grande nome na história do Zebu".




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